A pandemia da Covid-19 evidenciou ainda mais os problemas na instituição, a realização de um novo concurso INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) é urgente.
Pandemia da Covid-19 evidência os problemas no INSS
Há anos vem sendo discutido a necessidade da realização do concurso INSS para Técnicos e Analistas, que sofre com um grande déficit de servidores. Mas a pandemia da Covid-19, deixou ainda mais claros os problemas na autarquia.
Um desses problemas é o envelhecimento do quadro de pessoal. Um a cada cinco servidores do Instituto Nacional do Seguro Social já atingiram a idade para solicitar aposentadoria e podem fazer no próximo período, em 2021.
Esse relevante dado remete a uma questão diretamente relacionada com a pandemia da Covid-19, e que afeta a prestação do serviço. Com muitos profissionais de idade mais avançada, vários estão no grupo de risco da Covid-19, o que inclusive reflete nas decisões sobre retomada do trabalho presencial.
As informações foram passadas por Moacir Lopes, servidor do INSS e diretor da Fenasps (Federação Nacional de Sindicatos em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social).
Segundo Lopes, cerca de 21.167 servidores que a autarquia tem atualmente, em torno de 63% está no grupo de risco, uma parcela por conta da faixa etária e outra de pessoas com alguma doença agravantes da Covid-19.
Somente os outros 37%, a princípio, estariam aptos para exercerem as atividades presenciais durantes o período de maior risco de contágio. Esses foram dados apresentados na última projeção do órgão sobre a reabertura ou atendimento presencial.
Mediante déficit, servidores além sobrecarga no trabalho remoto
A Portaria Conjunta nº 36, divulgada no final do mês de julho pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, adiou para o dia 24 de agosto o retorno do atendimento presencial nas agências do INSS. Por enquanto, é realizado exclusivamente por meio de canais remotos e ficará assim até o dia 21 de agosto de 2020.
Esses serviços prestados a distância são essenciais, assim como o adiamento das atividades presenciais tendo em vista o alto risco de contágio, mas isso também aponta outras questões problemáticas no quadro da autarquia.
Como destaca o diretor da Fenasps , Moacir Lopes, nem todos os servidores dispõem dos meios tecnológicos e nem todos os serviços podem ser feitos remotamente.
Isso somado ao cenário de urgência da pandemia, que não permitiu tempo para adaptação em nenhuma área, aumentou a sobrecarga de trabalho, que já era grande e ficou ainda mais intensa.
“Muitos passaram a trabalhar jornada de 12 horas, seja porque não dispõem dos dispositivos tecnológicos para executar as atribuições, e também temos centenas de profissionais com filhos em idade escolar. Enfim um cenário diferente que certamente vai deixando suas marcas, e expondo ainda mais os abismos sociais do Brasil”.
É certo que esses desafios não são exclusivos do INSS durante a pandemia da Covid-19. Mas, para o sindicalista a crise de saúde e as medidas de distanciamento social evidenciaram a falta que faz um quadro de servidores robusto para o órgão.
“Além da falta de funcionários para atender as demandas, o maior desafio enfrentado pelo INSS nesta pandemia, foi reduzir o estoque de processos que estavam na fila virtual desde dezembro de 2019, a época aproximadamente 2.200.000″.
Com um déficit superior a 20 mil cargos, os servidores do INSS vêm trabalhando desde o ano passado para normalizar a fila de benefícios, que atingiu números de pendências alarmantes, passando dos 2 milhões. Agora, com a pandemia, este desafio é acentuado ainda mais.