Se você está estudando para concursos públicos, sabe que a Língua Portuguesa costuma ser uma das disciplinas mais traiçoeiras.
Muitas vezes, uma questão aparentemente simples pode esconder uma regra específica que poucos candidatos dominam. Um dos temas que frequentemente aparece nesse tipo de armadilha é a concordância nominal.
Neste artigo, vamos explicar de forma clara e completa o que é concordância nominal, quais são as regras principais, os casos especiais e as pegadinhas que costumam aparecer nas provas. Tudo com exemplos explicativos para você compreender de verdade e ganhar segurança.
Índice
O que é concordância nominal?
A concordância nominal é a harmonia entre os termos da oração que se relacionam com o substantivo. Em outras palavras, os adjetivos, artigos, pronomes e numerais precisam acompanhar o substantivo em gênero (masculino ou feminino) e número (singular ou plural).
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LIBERAR ACESSO!Veja este exemplo:
- As alunas dedicadas participaram do curso.
Nesse caso, tanto o artigo “as” quanto o adjetivo “dedicadas” estão concordando com o substantivo “alunas”, que está no feminino e no plural.
Essa harmonia gramatical é essencial para manter a correção e a clareza da linguagem. E, como veremos adiante, nem sempre a regra é tão direta quanto parece.

Adjetivo posposto a mais de um substantivo
Quando o adjetivo aparece depois de dois ou mais substantivos, a concordância pode variar, dependendo da estrutura da frase. Existem três formas possíveis.
A forma mais comum e preferencial em concursos é o uso do adjetivo no plural, concordando com todos os substantivos mencionados. Por exemplo:
- Comprei camisa e calça bonitas.
O adjetivo “bonitas” está no plural, concordando com “camisa” e “calça”, ambas femininas.
Contudo, também é aceito fazer a concordância apenas com o substantivo mais próximo. Nesse caso, o adjetivo fica no singular e concorda com o último termo:
- Comprei camisa e calça bonita.
Essa construção é aceita na norma culta, mas pode parecer mais informal em alguns contextos.
Agora, se os substantivos forem de gêneros diferentes, o adjetivo deve ir para o masculino plural, pois o masculino prevalece quando há mistura de gêneros:
- Comprei terno e gravata bonitos.
Aqui, como temos um substantivo masculino (“terno”) e um feminino (“gravata”), o adjetivo “bonitos” vai para o plural masculino.
Adjetivo anteposto a mais de um substantivo
Quando o adjetivo vem antes de dois ou mais substantivos, a regra muda. Se os substantivos forem do mesmo gênero, o adjetivo pode concordar no plural ou apenas com o mais próximo:
- Belas flores e plantas ornamentais.
- Bela flor e planta ornamental.
Ambas as formas são aceitas, desde que a concordância esteja clara.
Por outro lado, se os substantivos forem de gêneros diferentes, a tendência da norma culta é que o adjetivo concorde com o mais próximo. O uso do plural nesses casos é evitado, pois muitas vezes a construção soa artificial:
- Linda casa e jardim.
- Lindo jardim e casa.
Evita-se dizer, por exemplo, “lindos casa e jardim”, que, embora gramaticalmente possível, não é usual.
Casos de expressões fixas com o verbo “ser”
Há um grupo de expressões muito cobradas em concursos que envolvem o verbo “ser” seguido de adjetivos como “proibido”, “necessário”, “bom”, entre outros.
Nessas construções, o adjetivo só concorda com o substantivo quando há artigo definido. Se não houver artigo, o adjetivo permanece no masculino singular, independentemente do substantivo:
- É proibida a entrada.
- É proibido entrar.
No primeiro exemplo, o artigo definido “a” exige a concordância do adjetivo “proibida” com “entrada”. No segundo, não há artigo, então o adjetivo permanece no masculino singular.
Mais exemplos:
- É necessário atenção. (sem artigo)
- É necessária a atenção. (com artigo)
Essa regrinha é armadilha certa nas provas. Atenção redobrada!
Concordância nominal: Palavras que exigem atenção especial
Algumas palavras variam de forma obrigatória de acordo com o gênero e o número do substantivo a que se referem. São elas: mesmo, próprio, obrigado, anexo, incluso, entre outras.
Veja como essas palavras funcionam:
- Ela mesma fez o trabalho.
- Eles mesmos corrigiram a redação.
- Muito obrigada, disse a professora.
- Muito obrigado, respondeu o aluno.
- As fotos estão anexas ao e-mail.
- As planilhas estão inclusas no relatório.
Um destaque especial para “obrigado”: ele deve sempre concordar com o gênero da pessoa que está falando. Mulheres dizem “obrigada”, e homens, “obrigado”.
Uso de “meio” e “meia”
A palavra “meio” pode ser advérbio ou numeral. Quando tem sentido de intensidade (sinônimo de “um pouco”), ela não varia:
- Ela estava meio cansada.
Mas quando equivale a “metade”, ou seja, é um numeral fracionário, deve concordar com o substantivo:
- Comi meia maçã.
- Bebi meio copo de água.
A banca adora esse tipo de distinção. Fique atento ao sentido da palavra no contexto.
“Bastante” ou “bastantes”?
Mais uma palavra que varia de acordo com o contexto. Quando “bastante” tem valor de advérbio, equivalente a “muito” ou “intensamente”, permanece invariável:
- Ela estudou bastante.
- As provas estavam bastante difíceis.
Agora, quando exerce função de adjetivo ou pronome indefinido, indicando quantidade, concorda com o substantivo:
- Bastantes alunos faltaram.
- Temos bastantes motivos para nos preocupar.
Saber identificar a função da palavra na frase é essencial para não errar.
Concordância nominal: Números ordinais
Os números ordinais indicam ordem, posição ou sequência de elementos. Diferente dos números cardinais (um, dois, três…), que expressam quantidade, os ordinais dizem em que lugar algo está numa fila ou série.
Exemplos de números ordinais:
- primeiro (1º), segundo (2º), terceiro (3º), quarto (4º), quinto (5º), décimo (10º), vigésimo (20º), centésimo (100º), milésimo (1000º)…
Esses números concordam em gênero e número com o substantivo a que se referem, ou seja, variam em masculino/feminino e singular/plural.
Veja os exemplos:
- Primeiro aluno da lista.
- Primeira candidata aprovada.
- Segundos colocados da prova.
- Três terceiras partes do bolo foram comidas.
Essa flexão é obrigatória quando o ordinal funciona como adjetivo, qualificando ou determinando o substantivo. Em provas de concurso, a banca pode trocar, por exemplo, “primeira” por “primeiro” em uma frase com substantivo feminino, e você precisa estar atento para identificar esse erro de concordância.
“Menos” ou “menas”? Entenda de uma vez por todas!
A palavra “menos” é um advérbio e também pode funcionar como pronome ou preposição, dependendo do contexto. O mais importante é que ela é invariável, ou seja, não varia em gênero ou número.
Portanto, não existe “menas” na norma culta da Língua Portuguesa. Essa forma é considerada um erro grosseiro, e muitas bancas de concurso usam esse deslize como pegadinha para eliminar candidatos desatentos.
Correto:
- Ela gastou menos dinheiro.
- Menos pessoas compareceram.
- Todos, menos João, concordaram.
- Temos menos problemas agora.
Errado:
- Menas pessoas compareceram. ❌
- Ela tem menas chances. ❌
Mesmo quando se refere a palavras femininas, menos não muda:
- Menos água, menos energia, menos comida, menos palavras.
Tabela para a fixação da concordância nominal
Tópico | Regra/Explicação | Exemplos Certos | Erros Comuns / Observações |
---|---|---|---|
Concordância Nominal | O adjetivo, artigo, pronome e numeral concordam em gênero e número com o substantivo. | – As meninas dedicadas estudaram.- Aquelas duas belas garotas chegaram. | — |
Adjetivo posposto a dois ou mais substantivos | Pode concordar no plural (forma preferencial), ou com o mais próximo (forma aceita). | – Camisa e calça bonitas.- Camisa e calça bonita. | Se os substantivos forem de gêneros diferentes, usa-se masculino plural: Terno e gravata bonitos. |
Adjetivo anteposto a dois ou mais substantivos | Concorda com o mais próximo, ou com ambos se forem do mesmo gênero. | – Bela flor e planta ornamental.- Belas flores e plantas. | “Belos casa e jardim” soa artificial — evite. |
Expressões com “ser” + adjetivo | Se houver artigo, o adjetivo concorda com o substantivo. Se não houver, fica no masc. sing. | – É proibida a entrada.- É necessário o uso de máscara.- É proibido fumar. | Atenção à presença do artigo definido. Sem ele, o adjetivo não varia. |
Palavras variáveis (mesmo, próprio, obrigado, anexo, incluso) | Devem concordar com o termo a que se referem. | – Ela mesma corrigiu.- Muito obrigada, disse a aluna.- Fotos anexas ao e-mail. | “Obrigado” varia com o gênero de quem fala. |
Palavra “meio” | Advérbio (intensidade): invariável.Numeral (metade): varia com o substantivo. | – Ela estava meio triste.- Comi meia maçã. | Evite usar “meia” quando o sentido for “um pouco”. |
Palavra “bastante” | Advérbio: invariável.Adjetivo/pronome: varia. | – Estudaram bastante.- Bastantes alunos faltaram. | Depende da função na frase. Preste atenção ao contexto. |
Números Ordinais | Indicam ordem/posição. Variam em gênero e número com o substantivo. | – Primeiro aluno.- Segunda chance.- Terceiros colocados. | Em nomes de papas, reis e séculos, usa-se até o 10º como ordinal; a partir do 11º, usa-se o cardinal: Século XXI = “vinte e um”. |
Uso da palavra “menos” | Palavra invariável. Nunca varia para o feminino ou plural. | – Menos pessoas.- Menos problemas.- Todos, menos ela. | “Menas” não existe! É erro grave e frequente em pegadinhas. |
Como estudar concordância nominal para concursos
Saber a teoria é essencial, mas quando o assunto é concurso público, apenas conhecer as regras não basta. Para acertar questões de concordância nominal em prova, você precisa desenvolver um olhar atento, saber identificar armadilhas comuns e, principalmente, praticar com inteligência.
A seguir, você confere estratégias práticas para realmente dominar esse conteúdo e chegar na prova preparado.
1. Estude a teoria com foco nas exceções e nos detalhes
A concordância nominal tem regras gerais relativamente simples, mas o que costuma derrubar candidatos são as situações específicas, como:
- Adjetivos antepostos ou pospostos a mais de um substantivo;
- Concordância em expressões como “é necessário”, “é proibido”;
- Palavras invariáveis que parecem variar, como “menos”, “bastante”, “meio”.
Por isso, ao estudar a teoria, vá além da explicação superficial. Crie fichas ou resumos com os casos especiais, incluindo frases corretas e incorretas, para treinar o olhar gramatical.
2. Monte uma lista de palavras que causam confusão
Durante os estudos, anote palavras que costumam aparecer em questões com erro de concordância, como:
- Mesmo / Próprio / Obrigado / Anexo / Incluso
- Bastante / Meia / Menos
Crie exemplos próprios com essas palavras e tente variar os contextos. Isso ajuda a memorizar o uso correto e evita que você caia nas pegadinhas comuns, como usar “menas” ou deixar “obrigado” sem concordância.
3. Resolva questões de diferentes bancas
Cada banca tem um estilo. A CESPE/Cebraspe, por exemplo, adora frases longas, com estruturas sutis, onde o erro está escondido em uma palavra mal colocada. Já a FCC costuma cobrar mais a aplicação da norma culta em contextos formais.
Fiquem ligados na nossa página para as próximas notícias sobre como estudar para concursos!